Hebbel gostava de falar do período em que viveu como uma era ‘travada’ da dialética histórica, em que ninguém aprende com seus erros e, por falta de espírito analítico, a humanidade para de seguir em frente. A tragédia pessoal da protagonista Klara segue justamente essa dinâmica; ela é a moça pobre e virtuosa, o orgulho da família que se vê numa situação irreconciliável com os valores da sociedade alemã de 1840, e coagida a uma resolução irracional.
Representar uma saída razoável seria falsificar a história, e é aqui que encontramos o aspecto realista da dramaturgia do autor. O teatro se reverte em um veículo dos impasses sociais, os quais por sua vez são expostos em estado congelado. Hebbel tinha uma visão bastante utilitária do teatro: a história de vida de Klara revela aos espectadores uma ideia libertadora. Seria possível salvar tanto a ideia quanto a heroína nesse universo dramático? Seja como for, não constitui um paradoxo, mas uma constante na história humana: grandes mulheres e homens são geralmente mártires de suas motivações.
Ficha técnica
Título original Maria Magdalene (1844)
Estreia 13.03.1846 em Königsberg, Prússia Gênero Tragédia burguesa
Período Realismo burguês
Tradução e edição Felipe Vale da Silva
Revisão Sabrine Ferreira da Costa
Ano 2017
Número de páginas 132 pp.
ISBN 978-85-94447-00-5
Formato 16 x 23 centímetros
Miolo Papel Pólen Bold
Paperback
Edição crítica. Conta com o apêndice O jovem marinheiro, o prefácio original do autor, além de comentários e um ensaio final assinado pelo tradutor: A tradição alternativa do drama alemão Do Sturm und Drang a Friedrich Hebbel